JOÃO VICENTE. DE SOUSA E DE SAUDADE.



Pai,
Pela primeira vez eu comecei com vírgula.
Pra parecer um soluço eternizado talvez.
Pela primeira vez eu não queria escrever.
Pela primeira vez eu tô com muito medo.
Pela primeira vez a sua mão não é meu escudo.
Pela primeira vez a nossa foi o seu.
Pela primeira vez ficar sozinho tá ruim.
Pela primeira vez este você não vai ler.
Pela primeira vez foi difícil escrever, pai.
A palavra.
Pai.
Ô véi...
Pela primeira vez eu tentei ser você pra mim.
Pela primeira vez o senhor dormiu cedo.
Pela primeira vez, Pai, quem vai esperar é o senhor.
Porque, pela primeira vez, eu não quero te ver tão cedo.
Deixa eu me ajeitar primeiro.
Aí a gente se vê.
Assim que eu for metade de você.
Me conta se eu dei orgulho.
Se meu livro ficou bom.
Se meu filho veio.
Pai, me conta qualquer coisa.
Puxa assunto comigo.
Eu vou saber que é você.
Do mesmo jeito que a gente foi dessa vez, lembra?
Onde você era meu Pai.
Meu ídolo.
Meu amigo.
Lembra que eu te amei?
Desde a primeira vez?
Eu te amei por me deixar ser seu.
Eu te amei por você ser meu.
E te amei por ser a gente.
E te amo, Pai.
Obrigado pela Marina.
Obrigado pelo Moreno.
Obrigado pelo Pimpa.
Obrigado pela Tilana.
Obrigado Pelo Caçula.
Obrigado, Pai, por você.
No bosque e depois também.
A gente se vê.
Não vá se atrasar.
Bença.

7 comments:

Powered by Blogger.