MACHUCADO NO PAPEL
Quem gosta de escrever adora uma folha em branco.
Aliás, quem não gosta também.
Folhas em branco são mágicas.
Praticamente nos dizem: “vai em frente, faça o que quiser”.
Então a gente vai em frente, para fazer o que quiser.
Aí, como num passe de mágica…
Você olha para o dedo e quase não enxerga, mas está lá.
Bem ali, naquele lugar, de lado, perto da unha.
Você nem lembrava que aqueles 2 milímetros de dedo existiam.
Um corte tão pequeno. Uma dor tão inversamente proporcional.
Mas eu já sei o que acontece. Sei por que dói tanto.
Folhas de papel não nasceram para machucar dedos. Nem narizes.
E, quando o fazem, precisam sair da sua natureza criadora.
Precisam se esforçar para mudar de lado. Para machucar.
Acontece o mesmo com latas de cerveja e cubos de gelo.
E com tudo o mais que não nasceu para nos machucar.
Quando nos machucam, dói mais.
Com as pessoas também é assim.

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